C.S Lewis e o conhecimento, empirismo ou autoridade ?

Na nossa pesquisa pelo reconhecimento da realidade utilizamos primordialmente os nossos sentidos como dispositivos vocacionados para a obtenção de informação sobre o mundo que nos rodeia. A isto chamamos empirismo, uma corrente filosófica que sublinha o papel da evidência no processo de criação do conhecimento. Não desmerecendo este processo, que parece vital na organização psíquica do individuo, outros dispositivos podem ser postos em prática no reconhecimento da realidade, nomeadamente: o uso da razão, da intuição, da espiritualidade e da autoridade.

A desmoralização e a urgência da pedagogia da esperança

Há sentimentos sociais que se evidenciam e tornam mais exuberantes em determinadas épocas e face a determinadas circunstâncias. Estes sentimentos evidenciam-se através de atitudes, símbolos, cognições e comportamentos que se disseminam através de um processo de contágio social. Na génese deste processo está o processamento de informações do nosso contexto que providencia uma moldura emocional para a nossa apreensão da realidade sendo este fenómeno objeto de interpretação no nível social e no nível individual.

A infantilidade psicológica no símbolo de Peter Pan

Nas crianças encontramos personificada a ideia de potencial. Podemos pensar nas crianças como um livro aberto com várias páginas em branco ainda por escrever apesar da introdução, isto é a genética, já estar escrita. Esta ideia de potencial produz a ideia de possibilidade virtual, sendo esta uma ideia particularmente sedutora em termos narcísicos como veículo para o engrandecimento do ego quando nutrida no adulto. Isto significa que não tomando decisões, não chamando a nós a responsabilidade pelas mesmas podemos continuar o nosso percurso de vida sem realizar um derradeiro teste às nossas capacidades e assim preservar a ideia de que “poderíamos” fazer/ser muito mais. Nestes casos o cálculo que fazemos parece ser o de que preferimos a fantasia e a hipótese por oposição à consciência mais concreta das limitações e ao sacrifício inerente à confrontação com os nossos medos.

A culpa: o diálogo entre o narcisismo e a conscenciosidade.

O sentimento de culpa é um sentimento que surge como subproduto da violação dos valores internos da própria pessoa por oposição à vergonha cuja tónica está na violação de normas culturais e sociais. A culpa e a vergonha ambos contemplam a inadequação como ponto central, há a perceção de que o indivíduo falhou em corresponder ao que está certo e ao que é bom. No caso da culpa, este sentimento convida à punição do ego pela violação de expetativas morais.

Responsabilidade como antídoto para o ressentimento.

Um dos melhores antídotos para o ressentimento e a mágoa, sentimentos tantas vezes destrutivos na nossa vida, é a responsabilidade. A toma da responsabilidade permite-nos analisar a nossa vida não apenas na perspetiva do observador mas também na perspetiva do ator, isto é, da pessoa que toma decisões e exerce ação sobre a realidade. Por responsabilidade entenda-se, a capacidade para chamar a nós mesmos o ónus da criação das circunstâncias em que vivemos através das decisões que tomamos. Desta forma, o mundo em que vivemos, as experiências e relações que temos, os sentimentos que nutrimos são nossa responsabilidade.

Pegar na cruz: A assunção da responsabilidade e fardo existencial.

24 Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me.

25 Porquanto, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a vida por minha causa achá-la-á.

26 Pois que aproveitará o homem se ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou que dará o homem em troca da sua alma?

Mateus 16:24-26

Rei Leão e o arquétipo da jornada do herói.

Durante o curso da nossa vida todos teremos alguma forma de confrontação como uma morte simbólica e subsequente renascimento. Uma parte de nós, da nossa personalidade, definhará perante o desafio de circunstâncias que abalam as fundações que são, no momento, edificantes e estruturantes da nossa realidade. Esta metamorfose é um requisito necessário para que aconteça algum tipo de crescimento psicológico verdadeiramente transformador. Seria incauto pensar que a vida de alguém pode mudar de forma decisiva e significativa sem que desse processo decorra uma forma de desafio vital. Neste desafio diria que está presente a confrontação com o medo, a consciencialização das nossas limitações e inevitavelmente a dor e sofrimento subsequentes ao processo.

O que é o amor ?

Muitos livros foram escritos sobre o tema oferecendo perspetivas líricas, narrativas, psicológicas/filosóficas, religiosas, simbólicas e políticas. A resposta varia no seu significado consoante o paradigma teórico de análise. Reconhecendo esta multiplicidade de dimensões do conceito qualquer reflexão será sempre, inevitavelmente parcial, no entanto cumpre realizar-se dado que a importância do tema o exige. Muito se tem dito e muito mais se dirá precisamente porque este é um tema que convida à expressão de uma profunda intimidade universal.

Dizer a verdade

Ser verdadeiro e dizer a verdade parece, num paradigma superficial de análise, algo exclusivo dos homens e mulheres imprudentes e ingénuos, talvez assim o seja porque a mentira se tornou uma norma e não uma exceção. Parece-nos fácil e por vezes até intuitivo mentir, creio que acima de tudo como uma forma de fintar o conflito e a assunção da responsabilidade pelas nossas escolhas. A mentira parece, no curto prazo, poupar-nos o desgaste que o conflito pode trazer e contribuir para a harmonia e uma espécie de paz. Escrevo uma espécie de paz porque esta paz adquirida pela mentira não parece ser algo sustentável e acima de tudo não está assente no pilar mais importante que é a verdade. Num horizonte temporal suficientemente amplo o caos que a mentira provoca irá sempre sobressair e assinalar a podridão da paz e harmonia construídas sobre a mentira. Tendo a mentira como pilar constroem-se identidades, personalidades, relações com os outros e relações com a realidade falsas. A falsificação destes aspetos conduz inevitavelmente ao caos onde impera a perda de significado e de rumo. Neste contexto Alfred Adler, um psicólogo Austríaco, cunhou o conceito de mentira de vida (life-lie). Este conceito refere-se à capacidade do indivíduo autorizar a organização de aspetos estruturantes da sua vida em torno de uma ou várias mentiras. Nesta organização caótica a pessoa rejeita responsabilidade para lutar pelos seus verdadeiros objetivos e legitima a sua falta de coragem autorizando a mentira. A verdade é vista como perigosa, portanto assustadora para o indivíduo.

O sacrifício certo

Para que se possa alcançar uma transformação significativa nas nossas vidas temos de estar dispostos ao perder de algo igualmente valioso, isto é, estruturante para nós. Temos de estar dispostos a deixar uma parte de nós “morrer” para que outra possa tomar o seu lugar. A título de exemplo, para que possamos evoluir em termos morais e éticos temos de deixar morrer uma certa imagem de virtude que previamente podia ocupar lugar de destaque na forma como percecionamos a nossa identidade. Se estivermos cegos ou ofuscados pela nossa virtude, dificilmente conseguiremos ver além da mesma, dificilmente conseguiremos reconhecer a nossa sombra. Tomando consciência da nossa perversidade e malevolência podemos corrigir e lutar por uma transformação que seja virtuosa na nossa vida.