C.S Lewis e o conhecimento, empirismo ou autoridade ?
Tiago Gonçalves
Tiago Gonçalves

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Na nossa pesquisa pelo reconhecimento da realidade utilizamos primordialmente os nossos sentidos como dispositivos vocacionados para a obtenção de informação sobre o mundo que nos rodeia. A isto chamamos empirismo, uma corrente filosófica que sublinha o papel da evidência no processo de criação do conhecimento. Não desmerecendo este processo, que parece vital na organização psíquica do individuo, outros dispositivos podem ser postos em prática no reconhecimento da realidade, nomeadamente: o uso da razão, da intuição, da espiritualidade e da autoridade.

Neste texto pretendo sobretudo refletir sobre este último, a autoridade, sobretudo porque é uma forma muitas vezes ilusória através da qual obtemos conhecimento. Passo a explicar o que pretendo dizer munindo-me do legado do autor C.S Lewis que refletiu sobre este mesmo tema. O escritor britânico pergunta-nos se existirá algum sítio no planeta chamado Nova Iorque. Certamente que Lewis não deverá acreditar que uma pessoa minimamente instruída duvida de que Nova Iorque existe, no entanto o objetivo da proposta é criar uma espécie de “thought experiment”, isto é uma experiência através da qual apresentamos uma hipótese e teoria com o propósito de investigar diferentes possibilidades de realidade. Com este exemplo Lewis diz-nos que do ponto de vista empírico, a não ser que o leitor tenha visitado a cidade de Nova Iorque, não temos forma de verificar diretamente a sua existência apesar dos inúmeros relatos e imagens que existem. Se nunca lá fomos continua a ser uma hipótese a existência de tal cidade. No entanto, até o mais cético e crítico leitor será capaz de jurar a existência deste sítio, e certamente que se comporta aceitando a premissa da veracidade da existência desta cidade.

Lewis pretende sublinhar com esta hipótese que aquilo que construímos como conhecimento é em grande medida um produto da informação que obtivemos por via de alguma autoridade, apesar de inúmeras vezes nos julgarmos arquitetos do nosso próprio conhecimento. Neste sentido muitas vezes usamos o exemplo de São Tomé, apóstolo que incrédulo na ressurreição pediu a cristo para ver as suas chagas, como emblemático da nossa procura pela verdade através do empirismo. Contudo, todos sem exceção respondemos diretamente a uma ou várias autoridades na nossa procura pelo conhecimento da realidade e mesmo sem termos consciência disso comportamo-nos como se existisse por exemplo uma organização moral objetiva na realidade estabelecendo hierarquias de valores que moldam o nosso processamento de informação. Isto significa que muitas vezes é essa moral objetiva a autoridade à qual respondemos para organizar a nossa experiência percetiva.

Apenas a título de exemplo deixo-vos o cubo de Necker subjetivo que nos guia nesta hipótese de que a organização preceptiva pressupõe uma hierarquia de valor na qual os próprios sentidos são iludidos pelo que preponderância do valor do objeto percebido. Neste caso particular, salta à vista o cubo subjetivo em vez dos círculos listados a preto e branco.

Aspectos da afiliação epistemológica da Linguística Cognitiva à Psicologia  da Gestalt: percepção e linguagem

Estes exemplos, estudados de forma aprofundada pela escola gestalt de psicologia, guiam-nos através da descrição da forma como construímos o conhecimento. Sendo conscientes dessa forma, estaremos mais próximos de ter uma visão mais clara do mundo que nos rodeia e das nossas limitações enquanto arquitetos da nossa realidade.

C. S. Lewis quote: Believing things on authority only means believing them  because you...

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