Tiago Gonçalves
Tiago Gonçalves

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  • Silêncio

Na música usamos o silêncio como forma de criar e libertar tensões.

Na pintura, reconheço o silêncio visual proveniente das bucólicas paisagens.

Nas celebrações religiosas, o silêncio monumental que nos esmaga diante a imponente presença de todos os símbolos do divino.

Na natureza , o silêncio das rochas que nunca ousaram falar.

Na convívio connosco mesmos o silêncio da hesitação, crepitante e ansioso.

Com os outros, o silêncio compassivo que se apoia na escuta. Por vezes, o silêncio contemplativo que cria narrativas mentais e ainda, aquele silêncio que termina com urgência de quem não se compadece dele.

O silêncio é muitas vezes mal amado, há quem dele se esconda incessantemente.

Parece, em alguns, abrir feridas profundas e dar voz a uma narrativa mental que parecem querer anular. Ironicamente, silencia-se a mente com o ruído dos sentidos.

No entanto o silêncio pode ser mais do que uma mera ausência de som, o silêncio pode ser um convite, talvez um convite à reflexão.

O tempo tem-me ensinado a ser um apreciador de silêncios, a depurar o bom silêncio. Quando respiro e me inibo de exprimir de forma reactiva pareço ganhar tempo, sintonizo-me no presente e sinto a pulsação do momento. Mentalmente é como se estivesse deitado na relva a olhar o céu sendo o que sempre sonhei, um pastor de nuvens e de sonhos.