Tiago Gonçalves
Tiago Gonçalves

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Ele não anda, ele não fala, ele não sorri, ele fica parado a olhar o infinito. Parece estar à espera, mas de quê ? Pudesse eu trazer-lhe respostas e um sorriso até nos dias mais cinzentos. O que eu gostava que me olhasse, não aleatoriamente, que me olhasse como se tivesse um desejo oculto de me encontrar.

Balbuceia qualquer coisa que não percebi bem e penso, “o tempo que perdi a não ouvir o que me tinhas para me dizer”. Quando olhava para ti e via o meu reflexo, quando a tua pele era a minha pele, lembras-te ? Agora é como se te visse por entre nebulosas massas de ar que te deixam o rosto baço. Já não suporto ter que te limpar, ter que pegar em ti todos os dias, ter que carregar o teu peso nas minhas costas cada vez mais quebradiças, sinto muito mas não posso mais. Alimentar-te, deitar-te, ver-te nas posições menos dignas, e ainda assim pensar, “o que podia ter feito para que isto fosse diferente “.

Vou ficar à espera, hoje vou ficar à espera, de quando chegar a tua hora estar lá, de quando chegar a tua hora estar lá, de te dar a mão, de te fixar nos olhos, de te limpar as lágrimas, de te consolar num abraço apertado, para te ver acordar de novo.