Tiago Gonçalves
Tiago Gonçalves

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  • Saída

Inês lançou um olhar furtivo apontado como uma lança à boca carnuda de Pedro. Por momentos parece que levitavam, suspensos no ar a entreolhar-se num impasse à espera de perceber quem quebrava primeiro o silêncio. Enquanto se amarravam em pensamentos proibidos para dois jovens castos sentiam palpitações, a ansiedade a que chamamos adrenalina.

Nos espaços entre os pensamentos plenos de lascívia, Pedro interrogava-se: “Deverei guardar castidade nos meus pensamentos? isto é pecado, estou certo que é pecado”. Apesar da contracorrente da culpa não se coibiu de imaginar Inês, pouco ortodoxa. Imaginou-a deitada na cama do seu quarto a meia-luz, iluminada pelo sol vespertino que entrava timidamente pela fresta da persiana branca. Via-a nessa meia-luz a refletir os tons dourados do sol. Imaginava-se a olhar, hesitante, o corpo nu. Contudo, algo de bizarro acontecia , Pedro imaginava o corpo ferido. Não se lhe notavam feridas na pele, suave percorrida pelas mãos de Pedro. No entanto, Pedro sabia de forma quase mediúnica, estava ferida. Emanava dela uma fragilidade que urgia preencher.

Passados poucos segundos despertaram ambos de um momento pleno de onirismo que ambos desejavam como real.