Um agente de seguros absolutamente aturdido pela monotonia e ausência de sentido da sua vida vê-se incapaz de dormir. A sua insónia cada vez mais debilitante leva-o a procurar ajuda profissional. Nesta busca por soluções o protagonista do filme descobre nos grupos de ajuda para doentes oncológicos um ambiente seguro para carpir uma dor que não sabe bem se é a sua. Ali encontra um embalo para a sua dor, permite-se sentir pena de si próprio e da sua vida, ainda que tudo seja uma fachada. Após esta experiência o protagonista permite-se dormir, contudo a sua inquietude contínua bem viva. É quando Marla Singer para reclamar como seu o conforto dos grupos terapêuticos, negoceia com o protagonista. Finalmente, para melhor gerirem o conflito, decidem negociar a presença nos grupos terapêuticos. É também nesta altura que o protagonista conhece Tyler Durden, fabricante de sabonetes, numa viagem de negócios. Esta personagem vem revolucionar por completo a vida do protagonista. Depois de um acidente que incendiou o seu apartamento o protagonista recorre a Tyler para pedir guarida. Assim têm o seu início uma série de desafios à sua existência e modo de viver ortodoxo.
Depois de várias semanas a pensar neste filme decidi colocar em texto a minha reflexão. Este filme surge como um pungente murro no estômago que desperta o nosso raciocínio sobre como criamos significado, como nos salvamos através da destruição dos símbolos que nos aprisionam e como a destrutividade pode servir uma função existencial. Pela imagética do filme somos como que levados a questionar algumas assunções fundamentais, rotineiras e tradicionais sobre o modo como vivemos e as hierarquias sociais que configuram a nossa sociedade. No mundo de fight club, as hierarquias laborais e sociais são facilmente desmontadas no clube secreto onde todos lutam com apenas um objetivo, acordar.
Este processo em que despertamos de um sonambulismo quase comatoso, sem significado, é certamente doloroso mas é ,simultaneamente, libertador para o protagonista e todos os que participam no clube secreto. À imagem do clube dos poetas mortos, este filme usa o mecanismo do grupo de dissidentes secreto como uma forma de desafiar o status quo social e iniciar um pequena revolução na vida de cada um dos participantes.
“self-improvement is masturbation, now self-destruction..”
Se quiseres apoiar o meu trabalho podes enviar BTC através do seguinte endereço lightning:
https://lntxbot.com/@tvieiragoncalves