Tiago Gonçalves
Tiago Gonçalves

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Caro doutor, ou será engenheiro ? Pelo sim pelo não mais vale atirar um título não vá o diabo tecê-las.

Digo não vá o diabo tecê-las porque pessoas há que se ofendem quando a vénia que lhes fazemos no primeiro contacto não é suficientemente prolongada no tempo, ou então porque não nos vergamos o suficiente. Uma ideia seria contratar um inspector geral de etiqueta, cortesia e protocolo. Este inspector funcionaria como um super ego que nos avisa de quando não respeitamos a saudação protocolar e o nosso cumprimento não se coaduna com a situação. Quando não fizessemos a corte convenientemente seriamos admoestados violentamente, talvez até, para prolongar o nosso sofrimento, nos levassem para um workshop de conduta com a Paula Bobone.

Por falar em Paula Bobone, soube recentemente que a própria escreveu um livro chamado “Domesticália”. Segundo a requintadíssima autora, este livro é nada mais nada menos do que um manual que nos explica como domesticar os empregados, essa gentalha asquerosa ! Oh diabo, então parece mesmo que até eu já estou a ser assomado pelo tom soberbo com que Paula trata o seu batalhão de empregados. Assim imagino eu, um batalhão como se via nas cortes de Luis XIV. Um empregado para vestir a camisa, outro para ajudar a vestir as cuecas e outro para as calças, percebem a ideia ?

Bom, mas como sabemos Paula Bobone não será a única pessoa a quem importam as mais inúteis formalidades. Penso que esta questão pode mesmo ser pandémica. Eu por exemplo tive a oportunidade de estudar na vetusta Universidade de Coimbra, berço de doutos pensadores e importantes personalidades. Como é natural há certas formalidades abraçadas com entusiasmo como a oportunidade de vestir o hábito talar para os doutorandos na sua defesa da dissertação, que representa o fim de um ciclo académico. Todavia, em contraponto, temos também os Professores Doutores Catedráticos cujo olhar nos fulmina quando, por algum motivo os aborrecemos com as trivialidades da nossa existência. Para que consigamos chegar à fala com algumas destas criaturas precisamos de jogo de cintura, sim precisamos de saber tornear questões e dobrar a língua. Importa nestas alturas ser-se cativante e sedutor, verbalizamos um “professor” aqui, um “doutor” ali e já está, finalmente conseguimos os nossos intentos. Conseguimos cerca de 0.23 segundos da atenção que precisávamos como de pão para a boca.

Claro que toda a regra tem a sua honrosa excepção e neste caso, todos os meus ex professores estão excluídos desta minha logorreica reflexão ;).

Agora que reflectimos um bocadinho sobre isto despeço-me.

Com elevada estima e consideração,

Doutor Tiago Gonçalves