Paty abriu a porta. No interior, por entre a luz da Lua que timidamente iluminava o seu apartamento, vislumbravam-se sombras e silhuetas, que se entrelaçavam com o corpo esbelto e atlético de Paty. Lucas não conseguiu deixar de reparar que a sua amiga envelhecera bem, ou melhor, nem tal havia acontecido, ao contrário dele, com mais uns quilos e menos cabelo.
Entrou vagarosamente, receando pisar um gato qualquer que Paty mantivesse por companhia naqueles anos frios pós-ensino universitário. Paty acendeu a luz e Lucas estudou o apartamento. Pequeno, mas acolhedor, notava-se que Paty vivia sozinha, mas estava bem com isso. “Era capaz de passar aqui uns serões…”, pensou, sorrindo com a possibilidade de a sua amiga o convidar mais vezes para passar uma noite em sua casa. Há alguns anos que não fazia isso… Houve uma altura da sua vida em que Lucas fazia dos encontros casuais um hábito regular das sextas-feiras, mas tinha perdido a vontade… Por vezes temos de nos saber retirar do jogo e aceitar que talvez esse método não nos completa naquilo que é mais importante.
Paty deitou a sua echarpe no sofá da sala, expondo sedutoramente os contornos do seu corpo cobertos por um fino e justo vestido negro. Lucas estudou-a. Desejou-a naquele momento mais do que desejara qualquer coisa na sua vida. Talvez fosse a bebida a invadir o seu discernimento, mas reparou que Paty sorriu. E instalou-se um silêncio sedutor, preenchido pela intensidade dos seus olhares e pelo desejo ardente de se beijarem e terminarem uma história que começara 15 anos antes.
Cortesia de : Carlos Figueiroa