Quando acordarmos deste sono profundo, desta sedação hipnótica que nos deixa o olhar preso ao infinito, subiremos ao céu. Talvez seja já tarde para que dessa viagem possamos tirar o máximo proveito. Talvez no nosso pousio de anos tenhamos perdido alguns pelo caminho. Mas nunca é tarde demais para ousar levantar voo, para ousar rir do destino, para siderar o medo e a descrença. Seja qual for a nossa bandeira, seja qual for o hino que nos arrebate, sejamos brancos ou pretos, amarelos ou vermelhos, homens ou mulheres, cães e gatos; ousem cumprir-se. E quando a vossa hora chegar, da alvorada ouvirem o chamamento, ousem reunir os vossos camaradas, os vossos irmãos, os vossos comuns para que da experiência também eles possam beber.
Proclamem lá do alto o que vos moveu até lá. Como um rio contido por uma barragem, ousem, com o poder das lágrimas se for preciso, enchê-lo para que nem a barragem o possa conter mais. Juntos, reclamemos o que é nosso por determinação absoluta. Reclamemos mais do que a liberdade, mais do a propriedade de o que quer que seja, o direito a ser.