Ideologia política e saúde mental
Tiago Gonçalves
Tiago Gonçalves

Frequentemente vejo nos media mensagens propaladas por “especialistas” defendendo ideologia política, no entanto escudando-se numa linguagem técnica que torna quase imperceptível o subtil endosso político.

Vejamos por exemplo aquilo que se faz na promoção da igualdade e inclusão. Não raras vezes vejo mensagens de Psicólogos & Psiquiatras, entre outros especialistas, que se alinham muitas vezes com uma política divisionária seguindo uma linha de pensamento político que define um grupo oprimido e um opressor. Seguindo esta linha de raciocínio vejo serem criados conceptualmente grupos homogéneos cuja matriz depende de uma característica (género, etnia, orientação sexual) qualificando-os nesta divisão dicotómica oprimido vs opressor, por oposição a uma análise circunstanciada de cada situação. Seguindo este exemplo vemos frequentemente a defesa de conceitos como igualdade de género ou violência de género, ambos pressupondo um grupo opressor e oprimido com base nos géneros.

Qualquer pessoa sensata consegue perceber que uma das grandes conquistas da civilização é podermos viver num mundo onde a violência não é uma constante e no qual há um amplo acesso a educação, trabalho, saúde e justiça a todos independentemente da sua orientação sexual, género ou etnia, estes são sintomas de vitalidade social. Todavia, importa perceber como lá chegamos partindo do pressuposto que os fins podem não justificar os meios.

Não descurando da nossa análise a ideia de que existem desigualdades factuais importa definir com rigor o porquê dessas desigualdades, da mesma forma que importa definir com rigor a estratégia para as combater. Semear o ódio e a divisão social em relação a um grupo opressor seja ele qual for, a meu ver, é uma estratégia que vai apenas acentuar ainda mais a polarização da opinião pública. Creio que em parte o fenómeno que temos vindo a assistir globalmente com a ascensão dos extremos políticos à representação parlamentar surge como subproduto desta fragmentação e polarização. Por outro lado a criação de atalhos sociais para grupos minoritários pode trazer consigo uma subversão do princípio da equidade, princípio que atualmente é frequentemente considerado mitológico. Se o mérito e a imparcialidade são um mito, o que nos resta? Aparentemente uma hipótese popular é a criação de um regime autoritário sob a alçada da ideia de igualdade e bem comum , onde a ideia e identidade do coletivo (grupo) se sobrepõe á ideia de identidade do indivíduo (pessoa). Se lermos a história sabemos que este princípio nos conduziu a períodos muito sombrios para a humanidade.

Talvez seja tempo para voltarmos à ideia de pessoa e de voltar a analisar de forma circunstanciada os problemas com que nos deparamos atualmente. O respeito e a tolerância pela diversidade de opiniões devem guiar o nosso raciocínio para que possamos alcançar paz e harmonia social. Isto não quer dizer que não existam pontos de vista medievais que pisam linhas vermelhas, no entanto, a melhor arma para os combater passará pela informação e pela pedagogia. De outra forma, estaremos a transformar os grupos oprimidos em opressores e possivelmente a perder de vista a identidade individual de cada pessoa.

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